Uns dias atrás, quando o sol ardia no horizonte, eu olhava pela janela do apartamento. A cidade onde moro crescendo. Prédios e mais prédios sendo erguidos, casas, ruas sendo abertas, creches, escolas, shoppings. De longe, de repente, meus olhos avistaram uma árvore pequena, cercada de tijolos, raízes amarradas, galhos podados na tristeza de uma calçada na minha rua.
A pequena árvore ali, cercada sem poder respirar, tentando sobreviver. Vi a pequena árvore fragilizada e consegui viajar por aí nas asas da imaginação.
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" VI OS MACHADOS E TODAS AS SERRAS...
VI OS TRATORES, OS HOMEMS E SEUS CAPACETES...
VI OS PÁSSAROS SEM TER ONDE POUSAR E SEUS NINHOS DESTRUÍDOS...
VI UM CÉU CINZA PELAS CINZAS DA MATA QUEIMADA...
VI OSPOUCOS ÍNDIOS CHORANDO E OS ANIMAIS CERCADOS VIRANDO ENFEITES PARA O CARNAVAL. VI HOMENS DERRUBANDO ÁRVORES E ATRÁS DELES AS CRINAÇAS PLANTANDO SEMENTES... VI HOMENS EM RISTE: VAMOS SALVAR A AMAZÔNIA...
VI O VELHO CHICO SECANDO E OS PEIXES VOANDO POR AÍ..."
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Parei de viajar e voltei para a janela do meu apartamento. Um menino bem menor do que eu, procurava uma árvores para fazer um balanço, não achou. Viu também a pequena árvore ali presa, amarrada e como eu, chorou. Olhou para todos os lados, só viu o cinza do cimento e o cinza do céu azul.
Veio em mim o desejo de lutar, de gritar, de berrar. Não havia ninguém para escutar. O pequeno menino foi embora e eu fechei a janela e voltei a jogar video game.
Tempor depois, a pequena árvore não estava lá. Apenas o cercado de tijolo e o espaço vazdio de um buraco sem fim... Até quando será assim?
Árvores caindo...
Árvores deixando de existir...